Sinopse:
“Algumas coisas são impossíveis de deixar para trás... Um
trailer abandonado, escondido em meio a uma reserva florestal, é o único lar de
que Carey se lembra. Desde os 15 anos as árvores são as guardiãs de sua vida
mal-afortunada e o único ponto positivo é sua irmã mais nova, Jenessa, que
depende de Carey para sobreviver. Elas só têm uma a outra, considerando que a
mãe das meninas, mentalmente instável, muitas vezes desaparece por dias sem
fim. Até que um dia, após um sumiço mais longo do que o habitual, dois
estranhos aparecem e, de repente, as meninas são tiradas da floresta e levadas
a um mundo novo e surpreendente de roupas, meninos e aulas. Agora Carey precisa
enfrentar a verdade escondida por trás do seu sequestro, dez anos antes,
assombrado por um passado que não a deixa seguir em frente... Um passado
sombrio e misterioso em que jaz o motivo de Jenessa não falar uma palavra há
mais de um ano. Carey sabe que precisa proteger a irmã, assim como seus
segredos, ou se não pode colocar em risco toda essa nova vida que criou para si.”
Comecei a ler esse livro por causa da frase:
“O
que acontece na floresta fica na floresta. ” Eu
fiquei curiosa para saber o que tinha acontecido, sem contar que a sinopse do livro havia chamado minha atenção.
Já de cara eu percebi que seria um daqueles livros que nos fazem pensar, e com
certeza é um dos melhores que eu já li.
O livro vai contar a história de duas
meninas, Carey e Jenessa. Quando Carey era
pequena, a mãe dela decidiu ir morar em uma floresta no Tennessee, em um trailer
abandonado. As meninas não conheceram nada do mundo fora da mata, e dependem da
mãe para aprender a viver. O problema é que ela não desempenha o papel de mãe nem de longe. Além de ser viciada em metanfetamina, quando ela
vai para a cidade em busca de comida demora a voltar deixando as meninas dias,
até semanas sozinhas, por conta própria.
De início eu fiquei me perguntando se o motivo
delas viverem assim era porque eram pobres, mas nas primeiras páginas ficamos
sabendo que a mãe de Carey, antes de conhecer o pai dela, tocava em uma
orquestra, tinha uma vida, e isso me deixou intrigada. Deveria ter outro motivo
para elas viverem na floresta.
Carey aprendeu
a tocar tão lindamente como a mãe. O violino era uma das coisas as quais ela se
agarrava, já que além viver de maneira precária, tinha que desempenhar um papel
que não era seu.
Enquanto eu lia, não conseguia parar de
pensar em como ela teve que crescer rápido para ser a mãe que ela e Jenessa
precisavam. Uma criança jamais deve ter de se responsabilizar por outra.
“ Mas quando alguém
vive no mato, como Jenessa e eu, sem água encanada ou eletricidade, com a mãe
ficando um tempão na cidade, deixando você com a responsabilidade de alimentar
a irmã mais nova – nove anos mais nova – que tem um estômago que ronca que nem
um terremoto, aí realmente se torna muito importante inventar jeitos novos e
interessantes de preparar feijão. ”
Aconteceu que em um desses sumiços de Joelle – mãe das meninas – duas pessoas se aproximaram de onde elas viviam. Carey escutou um barulho e percebeu que alguém estava chegando perto. Alguém diferente de Jenessa e de sua mãe, já que o som que faziam era diferente. Como visitas não eram comuns, ela ficou mais assustada ainda quando ouviu um homem chamando ela e sua irmã pelo nome.
“Por que ele num vai embora? Que diabo a mamãe tá pensando?
Num ligo pra quanto dinheiro ele tenha prometido a ela – num vou mais fazer
aquelas coisas. E eu mato ele, juro, se encostar um dedo em Jenessa. ”
Depois
desse trecho dá para termos uma noção pelo o que as meninas passaram.
“ – Sabe por que
estamos aqui? (...)
– Viemos aqui para leva-la para casa, Carey. ”
Imagine
como deve ter sido estranho para ela ouvir essas palavras. Casa? Ela já estava
em casa e não conseguia entender por que não podia continuar ali. Ela sabia que
sua mãe iria voltar... tinha que voltar.
A
mulher, uma assistente social, que estava junto com o homem explicou que elas
iriam para um lugar melhor, que a vida que elas levaram até hoje ficaria para
trás. Carey não teve opção. Arrumou os poucos pertences que tinham e foi junto
com eles.
Ela não
fazia isso por ela mesma, fazia pela irmã. Carey teve que explicar para eles
que Jenessa não falava. Sua mãe levou a irmã no fonoaudiólogo para descobrir o porquê
da mudez repentina, já que ela sempre falou normalmente. Ela foi
diagnostica com mudez seletiva.
Pela
irmã, Carey enfrentaria todos os desafios que viessem pela frente. A floresta
deixou marcas em ambas, mas por ela, estava disposta a carregar o fardo
de um grande segredo. O que acontece na floresta, fica na floresta...
A partir
de então a vida das meninas mudou completamente. Agora elas possuíam uma
família. Tinham que aprender a viver em sociedade, a irem a escola. Tinham que
aprender a ser criança, a viver de verdade e não sobreviver.
O livro
me surpreendeu do início ao fim. Não conseguia parar de ler.
Foi um
tema diferente de tudo que eu já li e me fez parar para pensar muitas vezes.
Esse é um livro que além de ser interessante acrescenta algo em nós, e eu tenho
certeza que vocês irão gostar, assim como eu gostei.
“Considero a floresta um luxo em certos aspectos, separada do
resto do mundo. O mundo cheio de pessoas é tão rápido, tão barulhento e
ocupado. Sempre tem coisas para fazer, nenhuma delas parecendo tão importante assim.
”